LEPTOSPIROSE

A leptospirose é uma importante zoonose e um problema grave para a saúde pública, que está a voltar a surgir na população canina em todo o mundo. Embora, há uns anos atrás, a incidência desta doença nos cães não fosse muito elevada, actualmente tem-se registado um aumento significativo do número de animais infectados.


O QUE É?


A leptospirose é uma doença grave causada por uma bactéria denominada Leptospira spp, que afeta muitas espécies animais, domésticas e silvestres, inclusive o Homem. O cão e outros animais como ratos, bovinos e animais silvestres podem contrair a doença e transmiti-la. 

Os gatos podem infectar-se mas é muito raro.


É considerada uma das doenças infecciosas mais importantes no cão, sendo igualmente importante para o Homem, uma vez que se trata de uma zoonose.


Esta doença pode atingir toda a população canina, apesar de os mais suscetíveis serem os cães jovens, não vacinados, e que vivem em zonas rurais.


Ocorre em todo o mundo, sendo especialmente endémica em regiões com clima quente e húmido. Em climas temperados, como é o caso de Portugal, é muito frequente nos meses mais chuvosos, em áreas alagadas e/ou deficientes em saneamento.


A mais alta taxa de prevalência em pessoas ocorre nos países tropicais sub-desenvolvidos. No nosso país, uma das zonas mais afectadas são os Açores, com uma taxa de incidência média anual, dez vezes superior ao Continente.


COMO SE TRANSMITE?


A bactéria pode viver no ambiente ou em animais hospedeiros. Fora do hospedeiro, a bactéria não se multiplica e a sua sobrevivência depende muito das condições ambientais (temperatura, humidade,...).


É altamente sensível a ambientes secos, a pH e a temperaturas extremas, mas pode sobreviver durante vários meses a anos em solos húmidos e na água. Além disso, animais infetados, mesmo os sujeitos a tratamento, podem continuar a excretar a bactéria para o meio ambiente, através da urina, esporadica ou até continuamente, durante vários meses ou até alguns anos.


Os ratos e outros roedores são os hospedeiros naturais, logo, os principais portadores da Leptospira spp.


Os animais e os seres humanos podem ficar infetados através de:


– Contacto directo ou ingestão de urina de animais infectados;


– Exposição indirecta por contacto/ingestão de água, alimentos ou solos contaminados pela urina de animais infectados;


– Ingestão de tecidos infectados (ex: ratos);


– Penetração da bactéria na pele lesionada através de feridas/cortes ou por mordeduras;


– Nos animais também pode ocorrer a transmissão por via sexual.


QUAIS OS SINTOMAS NOS CÃES?


O tempo entre o contacto com a bactéria e o desenvolvimento da doença ronda aproximadamente 1 a 2 semanas.


Existem diversas serovariedades desta bactéria. Nos cães, as formas mais importantes são a canicola e a icterohaemorrhagiae. Estas estirpes de leptospira causam distúrbios renais e hepáticos nos cães.


Os sinais clínicos variam e são pouco específicos.

Alguns animais podem ser assintomáticos, ou seja, são portadores e excretam a bactéria pela urina, sem manifestarem sinais de doença.


Os sintomas mais comuns são:


– Febre

– Depressão

– Fraqueza

– Dor muscular

– Desidratação

– Apatia

– Anorexia

– Dor abdominal

Evoluindo para um quadro de anemia, icterícia (coloração amarela das mucosas), polidípsia (aumento do consumo de água), poliúria (aumento da produção de urina), diarreia sanguinolenta, vómito, urina com cor vermelha, conjuntivite e hemorragias. Nos casos mais graves pode haver falência multiorgânica e morte.


Os animais jovens que não foram vacinados, ou cujas mães não foram vacinadas, têm um maior risco de desenvolver a forma mais grave da doença, que pode levar o animal à morte por septicémia, ou a uma intensa hemólise.


Caso suspeite que o seu animal esteja doente, leve-o imediatamente ao Médico Veterinário.

Esta doença requer hospitalização e tratamento à base de antibióticos, o mais cedo possível. Quanto mais cedo for iniciada a terapia, menor será o dano nos órgãos internos e mais rápido será o recobro. E, uma vez que se trata de uma zoonose, é extremamente importante estabelecer um diagnóstico e instituir um tratamento o mais precocemente possível.


COMO POSSO PREVENIR QUE O MEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO CONTRAIA LEPTOSPIROSE?

– Limitar o acesso por parte do animal a áreas ambientais de risco (águas estagnadas, pântanos, lagoas, pastos inundados) e a zonas onde existem ratos e animais selvagens;

– Controlo de roedores;

– E, mais importante, vacinar!


Os cachorros devem ser vacinados contra a leptospirose a partir das 8 semanas de vida, efectuando os devidos reforços do protocolo vacinal após 3-4 semanas, e em adultos, todos os anos.


A vacinação pode não conferir uma proteção a 100%, uma vez que existem inúmeras estirpes de leptospirose que podem provocar doença, mas as estirpes contempladas na vacina geralmente são as mais frequentes.